“Estou batalhando para fazer a turma de Seiya, que ficou muito magra, voltar ao normal no filme deste verão.”

Character Designer e Diretor de Animação

    Quando houve a primeira conversa a respeito do character design do anime, li o mangá para ver e achei os personagens bem-feitos, porque, além de estarem imbuídos de todos os elementos necessários a um personagem, a caracterização como desenho estava feita. Assim, me esforçando para conseguir reproduzir isso em sua forma natural na tela, criei os personagens de acordo com o mangá. Com o objetivo de deixá-lo atraente como anime, e não idêntico ao mangá, fui avançando no trabalho, sempre com o beneplácito do senhor Kurumada.

   Dessa forma, sendo acudido pela Himeno (Michi) nas coisas complicadas, personas como o Shun e a Saori, que, não obstante ser uma beldade, tem fibra, o design dos personagens, em termos gerais, foi fácil de fazer. (Risos.)

   Como o fator que precisei ter em mente enquanto desenhava era usar um traço vigoroso mas flexível, pensei também em Ashita no Joe, um trabalho que fiz no passado. Além do mais, como posso dizer, o espírito de Seiya?… A parte psicológica lembra Kyojin no Hoshi. (Risos.)

Baseada no gekiga concebido pelo mestre Ikki Kajiwara e ilustrado pelo mestre Tetsuya Chiba, a animação de Ashita no Joe foi produzida em 1970, época em que o mestre Shingo Araki já havia deixado o célebre Mushi Pro. A série narrava a ascensão do baderneiro Joe Yabuki à disputa por um cinturão de boxe

   O embate que eu desenhei durante uma eternidade entre o Hiyūma Hoshi e o Mitsuru Hanagata em Kyojin no Hoshi, por exemplo… em cada episódio que vejo da Batalha das 12 Casas, acho o entretenimento dos embates bem similar, você não acha? é baseado naquele padrão de o episódio ir ficando eletrizante até terminar justamente no clímax, continuando na próxima semana.

Em 1968, o mestre Shingo Araki se encarregou do character design de Kyojin no Hoshi, gekiga ilustrado por um de seus ídolos, o mestre Nobuo Kawasaki. A série narrava a trajetória do lançador Hyūma Hoshi, filho de uma antiga estrela da liga profissional de beisebol. O mestre Araki também foi o responsável pelo desenho dos personagens na sequência do anime, Shin Kyojin no Hoshi, produzida em 1977

   Por essa razão, mesmo que Joe e Kyojin no Hoshi tenham cenários completamente diferentes do de Seiya, tais componentes ainda vivem e dão suporte à série.

   Então, Seiya começou e, haja vista os personagens convidados também estarem no mangá, quase todos foram fáceis de converter, mas, no meio do processo, mais ou menos onde os cavaleiros de aço surgiram, houve um período em que os antagonistas passaram a seguir uma rota original, tempo em que aparecia um personagem exclusivo quase que a cada oportunidade. Nesse período, eu estava sempre um pouco desnorteado para delinear os sucessivos novos personagens mantendo o toque kurumadiano, sabe?

   Desses personagens, penso que o Cavaleiro de Cristal ficou interessante. Além disso, também entre os convidados, estou fazendo Seiya e seus amigos quando crianças. Falando neles, a cena dos pequenos Ikki e Shun caminhando no Sai no Kawara [limbo ao qual as crianças que morreram prematuramente são enviadas para purgar o sofrimento que suas mortes causaram aos pais] me deixou profundamente impressionado. É que, como a turma de Seiya também esbanja vivacidade nos tempos de menino, há horas que penso que seria legal se pudesse desenhar mais essa fase.

Diretor de animação a cargo do episódio 57, o mestre Shingo Araki também ficou impressionado com a cena na qual Ikki vaga em Sai no Kawara, o limbo budista destinado às crianças

  Quanto ao fato de o desenho ter mudado ao chegar até aqui, devo dizer que, a partir dos desenhos do início, questionando-me se garotos não deveriam ser mais delgados, fui ajustando-os pouco a pouco; entretanto, acabou chegando a uma situação em que eu mesmo estou achando a turma de Seiya um pouco fina demais… (Risos.) Tanto as características faciais quanto os corpos. Por isso, neste filme de agora, a proposta é que exibam uma aparência apropriada para a idade. (Risos.)

Com o introito da segunda parte da série, a partir do episódio 74, o design dos cavaleiros de bronze incorporou um acréscimo de 2 anos de idade, razão pela qual os 5 rapazes adquiriram proporções mais longilíneas

   Com a produção em seu sprint final, nossas vidas estão um deus nos acuda, mas só pudemos fazer o terceiro filme porque gozamos de tamanha popularidade. Então, a meu ver, temos o dever de fazer algo substancial para não deixar que essa popularidade caia.

   Mesmo que agora eu esteja apegado aos cinco protagonistas, doravante, gostaria de perseguir a minha própria imagem de um menino.

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Aficionado sectário de Saint Seiya desde 1994, sou um misoneísta ranzinza. Impelido pela inexorável missão de traduzir todas as publicações oficiais da série clássica, continuo a lutar. Abomino redublagens.

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