Chegando às lojas no dia 26 de setembro de 2003, o quarto volume da coleção de DVDs lançada pela Bandai Visual compilou 24 episódios (do episódio 73 ao 96) do seriado televisivo. Além dos capítulos remasterizados, o volume vinha acompanhado de uma publicação especial de 24 páginas. Contendo uma enciclopédia ilustrada dos personagens, o livreto trazia inestimáveis informações dos bastidores da série, esboços conceituais, o memorando que deu origem aos combatentes escandinavos, idiossincrasias dos guerreiros-deuses, o mapa de Asgard e um catálogo de miniaturas da linha Saint Cloth.

   A publicação também brindou os fãs com o registro de aparição dos personagens, a quarta parte da discografia da série, a filmografia dos episódios ínsitos na caixa e duas entrevistas imperdíveis — os bate-papos com o maestro Seiji Yokoyama e com o ator Kōichi Hashimoto, antigo dublador do Cavaleiro de Cisne.

Booklet do Cygnus Box

 

Detalhes da Produção

Introdução ao Cygnus Box

   Os capítulos que podem ser considerados o suprassumo, o zênite dos episódios autóctones da animação, são aqueles que compõem a “Epopeia do Anel Dourado”, em outras palavras, os subtítulos da Saga do Norte da Europa (Asgard), compreendida entre o episódio 74 e o 99. Até então, uma profusão de capítulos esparsos — aventuras solo, sem liames cronológicos — havia sido produzida, mas a concepção de uma trama que montava a 24 episódios originais era, indubitavelmente, uma decisão que poderíamos chamar de temerária.

   Entretanto, a resolução era fruto de cálculos meticulosos, uma consequência natural da produção do primeiro filme, ocasião em que o estafe prospectou uma resposta inelidível acerca das possibilidades dos capítulos baseados em sua própria percepção do universo da obra.

   A Epopeia do Anel Dourado foi construída sobre os alicerces de A Grande Batalha dos Deuses, que estreou em 12 de março de 1988. Um especial que narra o desafio de combatentes advindos da mitologia nórdica à turma de Seiya, cuja origem está intrinsecamente atrelada aos mitos da Grécia, o média-metragem foi o primeiro filme dirigido por Shigeyasu Yamauchi, o diretor de núcleo dos OVAs de Hades: A Saga do Santuário, e, por seu status de marco que aperfeiçoou o estilo de expressão de Saint Seiya como anime, é um trabalho que conta com grande estima dos fãs ainda hoje.  

Com o advento da nova etapa, as fichas dos personagens foram completamente renovadas, trazendo mudanças nas proporções corporais e atributos afins. Além disso, também foi planejada uma uniformização com os quadrinhos no que se refere ao design das armaduras

   Com o advento da nova etapa, as fichas dos personagens foram completamente renovadas, trazendo mudanças nas proporções corporais e atributos afins. Além disso, também foi planejada uma uniformização com os quadrinhos no que se refere ao design das armaduras.

   Durante o processo de produção do segundo filme, o seriado televisivo entrava na Batalha das 12 Casas, razão pela qual a popularidade ficaria inexoravelmente empedernida, mas a composição da série também era discutida com vista à rota futura da animação após a conflagração no Santuário. Apesar de a publicação da Saga de Posseidon já estar sacramentada no mangá, por não haver um estoque de quadrinhos, era fisicamente impossível veicular a fase do Imperador do Oceano de modo contíguo ao término da luta nas 12 Casas. A inópia do estoque decretou a inserção de episódios exclusivos até que uma provisão de páginas fosse amealhada.

   Seguindo essa determinação, o senhor Takao Koyama redigiu o memorando intitulado Saint Seiya: Nova (A Epopeia do Anel Dourado) Série — Prólogo, Desenvolvimento e Epílogo [Planos], uma reestruturação do segundo filme para a série de TV. Esse documento da composição foi finalizado na primeira dezena de janeiro de 88, motivo pelo qual se depreende que a decisão de migrar para a Fase do Norte da Europa e os consequentes preparativos da produção tomaram corpo no final de 1987, antes da estreia de A Grande Batalha dos Deuses.

   À exceção do fato de Bado ascender ao posto de legítimo guerreiro-deus no início da história, quando Shido é derrotado por Seiya durante o atentado contra a vida de Saori, e do fato de haver apenas a espada Balmung, sem alusões à armadura de Odin e às safiras, o memorando do senhor Koyama, que também pode ser tido como a obra-mãe da Saga da Escandinávia, não difere em praticamente nada dos episódios televisionados.

   Além disso, já que o manuscrito também especificava em seu desfecho que a transposição para o arco do Imperador do Oceano seria deflagrada pela revelação da entidade titânica que se ocultava nas sombras para manipular Asgard, a narrativa exibida na TV foi construída a partir desse final.      

   Destoando das histórias calcadas no mangá que haviam sido engendradas até o momento, retratos impolutos da obra original, esses fatores também tiveram seu papel na consolidação de um paladar único. Mais uma vez, os guerreiros-deuses eram os novos inimigos a se interpor no caminho dos heróis, mas, com suas posições e origens dissentindo gritantemente dos elementos do filme, cada um desses antagonistas teve sua história pessoal e personalidade profundamente explorados.

Em partes como os episódios estrelados por Bado e Shido, a despeito de serem personagens originais, a produção teve êxito em engendrar uma grande presença por meio de um minucioso retrato de suas histórias pessoais. Trata-se de uma digressão, mas, a priori, só havia previsão de lançamento das vestes divinas dos guerreiros-deuses de Alfa e Zeta; porém, em virtude das vendas favoráveis, as miniaturas de todos os personagens acabaram sendo comercializadas, incluindo a de Bado

    O design final de todos os personagens foi elaborado por Shingo Araki e Michi Himeno, havendo, entretanto, esboços conceituais concebidos pela Bandai para as vestes divinas. A confecção desses croquis congregou profissionais como Kōji Yokoi (vestes de Delta e Gama) e Susumu Imaishi (veste de Zeta), conhecidos por seu trabalho em Gundam SD.

   Na época da difusão das peripécias no país setentrional, a Saga de Posseidon era publicada no mangá, e as armaduras da turma de Seiya haviam sido renovadas na história. Em consonância com essa alteração, os trajes dos cavaleiros de bronze também foram repaginados na Saga da Escandinávia, encampando um formato correspondente ao dos quadrinhos.

   Acompanhando essas modificações, o character design também foi reprojetado, adotando formas mais acutiladas e elegantes, e acabamos por ver aqui um modelo de perfeição de Saint Seiya como anime televisivo. 

A armadura de Odin, que se tornou o item-chave da história. Como seu design foi desenvolvido a partir do croqui delineado para a veste de Delta, podemos ver as semelhanças no processamento do desenho dos trajes    

  As Verdadeiras Faces dos Outros Guerreiros-Deuses

   Além das linhas gerais da história, o memorando do senhor Koyama registrava em detalhes as fichas de cada guerreiro-deus, mencionando também informações como os nomes dos personagens, as técnicas secretas e os pontos fracos.  

   No entanto, como trazia minúcias relegadas pela obra televisionada no que tange a alguns personagens, o texto é fascinante, referindo-se, por exemplo, à razão da similitude entre Mime e Orfeu de Lira. Na seção abaixo, gostaríamos de apresentar os perfis dos personagens descritos no memorando da composição.

Obs.: os nomes e demais dados estão sendo veiculados da mesma forma que apareceram no texto original.

Siegfried ……….. Dubhe, a Estrela Alfa

O líder. Estava confinado num ataúde de gelo eterno, mas voltou à vida graças ao poder mágico do Anel Nibelungo. Por esse motivo, tem pela representante de Odin uma lealdade de ardor sem igual. Amando Hilda em segredo, é como Jabu em relação a Saori. Ambicioso. O mítico guerreiro-deus que exterminou um dragão.  

Character settei de Siegfried

Hagen ……………. Merak, a Estrela Beta  

O único mestiço. De pele brônzea e orgulhoso de um corpo que parece forjado em aço, é um niilista de poucas palavras. Como seu único intento é se digladiar com um poderoso oponente, chega ao cúmulo de ser indiferente a Hilda ou Atena.

Character settei de Hagen

Thor ……………. Phecda, a Estrela Gama 

Gigante e impetuoso, é um herói dotado de força sobre-humana. Um sujeito ao qual nenhum padrão humano se aplica. O arquétipo do viking. Venera Hilda e é um sectário da supremacia de Asgard na Terra. Carrega o martelo Miollnir, que também se transfigura num bumerangue.

Character settei de Thor

Alberich ……… Megrez, a Estrela Delta

O menor dos 7 homens. Um estrategista. Astuto como uma raposa, é um realista que segue Hilda por acreditar que Asgard pode vencer. Psicologicamente, é semelhante a Máscara-da-Morte. O excesso de confiança se torna sua ruína.  

Character settei de Alberich

Fenrir ………. Alioth, a Estrela Épsilon 

Como um lobo, possui um temperamento irascível, violento e impulsivo. Egocêntrico, excêntrico e selvagem. 

Character settei de Fenrir

Bado [Bud] ……………….. Alcor, a Estrela Zeta 

O gêmeo primogênito de Shido [Syd] de Mizar. Era uma sombra de Shido, mas a morte do irmão incendeia seu desejo de vingança, fazendo-o desafiar a turma de Seiya. É um sujeito atroz. Dono de feições aristocráticas que não devem nada às de Hyoga. Transmite uma impressão tão lancinante quanto o gelo. Da mesma forma que Thor, tem a convicção de que Asgard deve controlar este mundo. 

Character settei de Shido [Syd] e Bado [Bud]

Mime ……….. Benetnache, a Estrela Eta

O guerreiro-deus que recebeu a alma de Orfeu de Lira. Tem a face, é claro, e até mesmo o caráter de Orfeu. Uma massa de vingança.

 

 

Character settei de Mime

 

Maestro Seiji Yokoyama

 

 ENTREVISTA Nº 1 — MÚSICA

 

“(…) Saint Seiya é um trabalho de suma importância.” 

— Por favor, conte como o senhor se envolveu em Saint Seiya.

Tudo começou quando fui contatado pelo senhor Hidetoshi Kimura, da Nippon Columbia (atual Columbia Entertainment). “É que agora vamos fazer um trabalho chamado Saint Seiya…” — ele telefonou dizendo.

Como não tenho o hábito de ler mangás, só soube da existência de Saint Seiya quando a obra chegou na forma de uma oportunidade de trabalho. Eu me recordo que ele disse: “Já que vou lhe confiar este trabalho, faça-me boas músicas, hein”.

— E como foi o progresso da composição das músicas de Saint Seiya?

 No início, eu peço fotos em cores dos personagens. Também leio um pouquinho do mangá, mas, inclusive na época de “Seiya”, afixei as fotografias do Seiya, da Saori, do Ikki e do Shiryu no meu local de trabalho e acabei escrevendo as músicas com a imagem mental que a contemplação das fotos trazia à tona.

O fato é que, ao adentrar muito a história, as músicas se tornam canções anódinas, um mero auxílio. Como sou do tipo que defende a música como um aparato autônomo, a música por si só, acabo concebendo os temas e demais canções com base em imagens introjetadas, com esteio na minha própria imagem mental.

Felizmente, tive a honra de as melodias agradarem também ao mestre Kurumada, de quem recebia mensagens encantadoras ocasionalmente. No caso dos filmes, no entanto, eu componho de acordo com o storyboard recebido.

— Naquela época, as coletâneas e artigos do gênero chegavam às lojas num ritmo frenético, não é? Penso que, pelo menos em Saint Seiya, o senhor estava bastante assoberbado…

Aqueles eram tempos em que todos os discos encalhavam nas prateleiras. Entretanto, por algum motivo, Saint Seiya vendia bastante, colocando uma coletânea à venda a cada 2 ou 3 meses. Considerando que eu também estava engajado em algumas outras produções, não há como negar a sobrecarga, mas, se olhar além disso, são lembranças nostálgicas.

O produtor Hatano me honrou ao dizer: “Quero que escreva a seu gosto. Como não falaremos de dinheiro, deixarei tudo com você, incluindo o número de instrumentistas”. Não poderia haver um trabalho tão aprazível assim, não é?

Álbuns comercializados na época da difusão. Além desta produção, não há notícias de uma obra com 8 coletâneas da trilha sonora à venda

— São as impressões dos 2 anos em que esteve participando prolificamente de Saint Seiya…

Isso. Mesmo escrevendo melodias para outras produções, é como se Seiya ficasse piscando em algum lugar da minha cabeça. Quando estava no meio de uma refeição ou no banho, e qualquer lampejo musical me vinha à mente, eu pensava “Ah, vamos colocar isto em Seiya”. (Risos.) Curiosamente, o material obtido nesses insights costuma fazer sucesso, sabe?

— Entre as músicas de Saint Seiya, há melodias que marcaram o senhor?

Os volumes batizados com os títulos dos filmes usavam os temas da TV, mas, na época de A Lenda dos Jovens Carmesins, eu pedi permissão para escrever a chamada trilha original do filme ao diretor Yamauchi.

Eu fiquei grato pela imediata aquiescência do diretor Yamauchi. Este é um bom álbum. Gostaria que vocês o ouvissem.

Sublime, a melodia O Dilúvio de Deucalião foi composta para o primeiro longa-metragem da série

— A Lenda dos Jovens Carmesins tem a reputação de ostentar o maior grau de perfeição entre todos os filmes.

É mesmo? Antes de morrer, gostaria de fazer um filme de Seiya veiculado internacionalmente [superprodução]. Uma hora e meia seria uma extensão apropriada. Eu também troquei umas ideias com o mestre Kurumada a esse respeito. O problema é que um filme de animação demanda bastante dinheiro, sabe… (Sorriso amargurado.) Mas que eu queria, queria… 

Inspirado na atmosfera da Grécia, o maestro fez uso de bandolins no terceiro filme da série

Isto ocorreu após o encerramento de Seiya, quando reunimos a Orquestra de Paris e os maiores instrumentistas da Europa para gravar a sinfonia de Power Rangers Zeo* na Cidade-Luz. Levando em conta que transmitiam Seiya na França, ao ser apresentado como “Yokoyama, o compositor”, fiquei aturdido quando uma menina da orquestra gritou: “Yokoyama!!” Foi o sétimo céu. (Risos.)

— Por favor, fale de suas impressões acerca da obra Saint Seiya.         

Saint Seiya é uma produção de suma importância para mim; tão importante que eu faço questão que executem [a trilha sonora] nas minhas exéquias. (Risos.) Se bem que, após Seiya também, na hora de fazer novos trabalhos, vou ficar pensando que as melodias são para o funeral… (Risos.)

Ainda assim, mesmo após tantos anos, eu realmente gostaria que tocassem Saint Seiya. Sobretudo, não podem faltar de jeito nenhum as músicas de A Grande Batalha dos Deuses que têm sua abertura entoada por um coro masculino. 

Retumbante, o coro masculino do segundo filme marcou o maestro Yokoyama

Eu pensava em me aposentar quando fizesse 65 anos, mas, mesmo agora, quando farei 68, continuo engajado em várias coisas. Se for convocado por animações e demais programas audiovisuais, pretendo trabalhar de novo.

— Muito obrigado por hoje.

2003 — entrevista concedida na casa do senhor Yokoyama, em Hiroshima

 

Kōichi Hashimoto

ENTREVISTA Nº 2 — O DUBLADOR DE HYOGA DE CISNE

 

 “(…) agradeço a Deus por ter podido encontrar este programa e interpretar este personagem.”

— Para começar, poderia nos contar toda a história de como o senhor passou a interpretar o Hyoga? 

Creio que tenha sido o mesmo com os outros atores, mas eu passei por uma audição. Na ocasião, me fizeram o favor de mostrar as fichas dos personagens; porém, como eram lindos de morrer, eu já estava resignado. É por isso que eu fiquei surpreso quando fui contatado mais tarde.  

Trata-se de um acontecimento posterior, mas, ao ficar sabendo que o produtor Kawata, da TV Asahi, gostou da minha interpretação e me recomendou, eu agradeci mentalmente e me enchi de gana para corresponder às expectativas dele.  

— E como foi dublar o Hyoga na prática? 

A princípio, eu lancei mão de vários experimentos na tentativa de desenvolver o Hyoga, na construção do personagem e coisas do tipo, mas, curiosamente, fui capaz de ir incorporando naturalmente as expressões faciais e a atuação ao ver os desenhos. Quando li o script e fitei os desenhos do Hyoga, senti como se tivesse sido possuído pela alma do personagem.  

— Quando o senhor passou a sentir a repercussão do trabalho? 

Acho que fui adquirir autoconfiança a partir da luta com o Cavaleiro de Cristal, nos episódios 20 e 21. A dublagem frequentemente é descrita como a sincronização da respiração do ator com a do personagem; porém, como isso ocorreu naturalmente durante a interpretação do Hyoga, eu realmente senti como se tivesse me tornado um só com o personagem.  

Havendo uma conexão com vários personagens, o sr. Hashimoto diz que o Cavaleiro de Cristal, que era o mestre de Hyoga, não sai de sua cabeça

Quando se fala desta obra, mesmo na época, o elenco reuniu uma plêiade excelsa, com o senhor Michihiro Ikemizu no papel do Cavaleiro de Cristal e, claro, o senhor Rokurō Naya no papel do Camus. Depois, teve o senhor Shūichi Ikeda no papel do Milo. O envolvimento com esses atores ilustres nos papéis opostos me permitiu extrair muito mais do personagem. Assim como o grupo do Hyoga vai amadurecendo ao guerrear com os cavaleiros dourados na trama, acho que nós fomos crescendo com a oportunidade de contracenar com os dubladores mais experientes.  

Parece que ele já acabou confundindo a técnica Execução Aurora com o Trovão Aurora

— O senhor tem recordações marcantes? 

Uma fala ficou marcada de forma indelével na minha memória: “Os sonhos jamais são impossíveis. Se acreditarmos num sonho e lutarmos por ele, não importa o que seja, este sonho certamente se tornará realidade”.

O senhor Hashimoto teve sua voz imortalizada nas falas inesquecíveis do Cisne

Essa foi uma frase que eu proferi na luta com o Milo, mas foi algo que também me encheu de esperança. Além disso, eu a transcrevi como nota de rodapé inúmeras vezes nas ocasiões em que tive a honra de dar autógrafos. É por isso que ela me marcou incrivelmente. 

O sr. Hashimoto diz que costumava utilizar a antológica fala do embate com Milo como nota acessória de seus autógrafos

Depois, o Isaac. O amigo de infância, ou melhor, o coleguinha que estava em treinamento havia mais tempo. Carregando o fardo de todo tipo de carma, há um drama no modo que eles levam a vida. Assim, todos eles me deixaram uma espécie de mensagem. O Isaac também me legou uma fala: “Se dirigisse esses sentimentos ardentes em prol da justiça, você poderia se tornar um cavaleiro tremendamente poderoso”. Exortado por essas palavras, o Hyoga torna a amadurecer.  

A vontade do Cisne de reencontrar a falecida mãe comove o impassível Isaac

— O embate com o Milo foi a primeira batalha do Hyoga na Guerra das 12 Casas, não? 

Sim. Além do mais, ele foi aquecido pelo Shun depois de sair do caixão de gelo. E, então, ele aparece com o Shun nos braços. Essa cena foi boa. Até aquele momento, esse tipo de tomada era reservado ao papel do Ikki. Sendo a primeira vez que me permitiram fazer, pensei “Oh, que galante, hein”…  

Como se não fosse o bastante, para os fãs, parece que aconteceu muita coisa naquela cena em que ele é esquentado pelo Shun… (Risos.) 

Hyoga encerrado no gelo. A cena do Cisne junto com Shun, que o havia aquecido e reanimado, também não saía da boca dos fãs

 — Como era a interação com os outros atores no estúdio?

Tirando a hora das performances, o estúdio era um lugar amistoso, palco de piadas. Contudo, a atmosfera mudava quando entrávamos em cena. Essa tensão salutar, da mudança repentina do ambiente, obviamente se devia à presença dos colegas veteranos. Foi realmente uma felicidade ter podido dublar em tal local de trabalho.  

Nós intérpretes dos cavaleiros de bronze também nutríamos uma rivalidade mútua. É por isso que podíamos sentir o cosmo de todo o pessoal na casa. Afinal, hoje em dia, são poucas as produções com muitos veteranos no estúdio, sendo raros também os trabalhos com tamanha prodigalidade de protagonistas de mesmo peso.  

Há uma fala na qual o Hyoga diz: “Houve um tempo em que eu amaldiçoava o meu infeliz nascimento, mas hoje agradeço a Deus por ter nascido na mesma época que esses caras, tendo-os como amigos”. Eu também sinto que devo agradecer a Deus por ter me dado a oportunidade de encontrar este programa e de interpretar este personagem. É por isso que, para mim, este trabalho será sempre inesquecível. 

Comovente, o episódio 62 se tornou um exemplo lapidar do imenso talento do senhor Kōichi Hashimoto

— Para terminar, peço que o senhor envie uma mensagem aos fãs que compraram os DVDs.    

Dada a exiguidade de cenas na nova produção, Hades: A Saga do Santuário… (Risos.) eu ficaria lisonjeado se vocês se divertissem relembrando a atuação do Hyoga na série de TV. E, por favor, aguardem os desdobramentos futuros com a euforia desencadeada por esse entretenimento.

2003 — entrevista concedida na sede da agência Aoni Production

 

 

 

 

 

Share.

Aficionado sectário de Saint Seiya desde 1994, sou um misoneísta ranzinza. Impelido pela inexorável missão de traduzir todas as publicações oficiais da série clássica, continuo a lutar. Abomino redublagens.

2 Comentários

  1. Parabéns pelo excelente trabalho de traduzir os booklets. No entanto, no booklet do Cygnus Box ficou faltando as páginas 12 e 13. Tem como você colocar depois?

Leave A Reply

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Don`t copy text!
Exit mobile version