“Se não for uma pessoa capaz de fazer novelas de época e Shakespeare, não pode fazer Seiya.”
Produtor da Tōei Dōga
Na ocasião do projeto, quando pensei em endossar a obra Saint Seiya, eu o fiz em virtude de dois fatores, que a tornam ideal para o televisionamento e que talvez sejam a razão de a obra estar amealhando a simpatia das crianças: um é o fato de estar relacionada a “estrelas” e constelações. Já que também há o envolvimento dos mitos da Grécia, é também romântica, não é? Ademais, está intrinsecamente entrelaçada com os temas “amizade”, “superação” e “vitória”, a política editorial da Shōnen Jump. Contudo, no horário estabelecido para acontecer a difusão, é transmitido em Kantō o Manga Nippon Mukashibanashi. Foi um baque muito forte. (Risos.)
Por essa razão, o início foi extremamente tenso, entende? Já haviam se passado seis meses quando começamos a vislumbrar que duraria mais de um ano. A base econômica dos patrocinadores que financiariam o programa foi estabelecida, e a produção foi fluindo bem, centrada no trabalho do senhor Shingo Araki e do senhor Tadao Kubota.
No que tange à nomeação do senhor Araki, talvez se deva ao curso do desenho do senhor Kurumada. Quando considerei isso, o primeiro nome que me veio à mente foi o do senhor Araki. Tenho trabalhado com ele em muitas ocasiões, mas a primeira vez que trabalhamos juntos foi na série de TV Shōnen Tokugawa Ieyasu, acho. Penso que passei a considerá-lo uma pessoa fantástica ao vê-lo mandar ver nas fichas ilustradas de personagens. Como se trata de uma pessoa extremamente perfeccionista, em Seiya também ele alarmava bastante: “É difícil!” (Risos.)
Mas eu sou realmente grato ao senhor Araki e ao senhor Yokoyama por terem compreendido tão bem a produção em seu trabalho. Talvez como resultado disso, sente-se também a beleza presente na própria obra em si.
Uma vez que a animação é o desenho, ele deve ser soberbo, não é verdade? Mas não é só ser bonito… Tenho a opinião de que o ponto de partida é exibir na produção um pouco mais daquelas sensações da vida real. Podemos chamar de familiaridade? Como quando a gente mete a mão na comida ao estar com fome… (Risos.) É melhor quando também há esse tipo de sensação cotidiana, não é?
Então, apesar de criarmos coisas como o quarto do Seiya no porto, enquanto a história avança, ela rapidamente vai indo na contramão. Já que a voltagem da ação é alta, sempre acabamos nos inclinando em sua direção. Apesar de a vida real ser fascinante, essas partes são bem difíceis de fazer.
Passando aos personagens, ainda que todos os cinco garotos da turma de Seiya possuam suas idiossincrasias, Seiya é um universo de competição em equipe, certo? É por isso que é a imagem de um quinteto, não é? (Risos.)
Durante toda a série, pensa-se que é uma novela de época. Interjeições como “que ridículo!*” aparecem, certo? (Risos.) Mesmo no tocante aos dubladores, se não for alguém capaz de transmitir esse tom, não está apto para a tarefa. É por isso que, para mim, um ator incapaz de construir uma novela de época não pode fazer Seiya. Ser teatral…
É algo que falo frequentemente nesse sentido, mas, “se não for capaz de fazer Shakespeare, é impossível fazer Seiya”.
Como nada menos que isto é demandado, doravante também, darei o meu melhor. É apenas isto.