Chegando às lojas no dia 23 de maio de 2003, o terceiro volume da coleção de DVDs lançada pela Bandai Visual compilou 24 episódios (do episódio 49 ao 72) do seriado televisivo. Além dos capítulos remasterizados, o volume vinha acompanhado de uma publicação especial de 24 páginas. Contendo uma enciclopédia ilustrada dos personagens, o livreto trazia inestimáveis informações dos bastidores da série, um diagrama correlativo de todos os cavaleiros da animação, um artigo do famoso editor Tetsuo Daitoku, a apresentação de algumas publicações da série televisiva e um catálogo de miniaturas da linha Saint Cloth.
A publicação também brindou os fãs com o registro de aparição dos personagens, a terceira parte da discografia da série, a filmografia dos episódios ínsitos na caixa e duas entrevistas imperdíveis — os bate-papos com o produtor da TV Asahi Masayoshi Kawata e com o ator Ryō Horikawa, antigo dublador do Cavaleiro de Andrômeda.
Detalhes da Produção
Introdução ao Andromeda Box
Embora tenha nos quadrinhos sua obra-mãe, a animação esteve prestes a se emancipar do título de origem muitas vezes, estabelecendo-se como uma obra distinta, um programa que incorporava a essência do mangá. A medida provinha da inexistência de um estoque de gibis, mas a produção também tirava vantagem do acúmulo de quadrinhos para revisar seu conteúdo, sanando as discrepâncias em relação à trama do mangá.
Na quarta temporada, com o introito da Saga das 12 Casas, que contava com a aparição dos cavaleiros dourados, celebridades até mesmo nos quadrinhos, a popularidade da série foi se firmando. Essa tendência se notabilizou no licenciamento, que registrou um sucesso estrondoso na comercialização de uma miríade de produtos.
A linha Saint Cloth trouxe um novo valor lúdico ao universo dos brinquedos para meninos, inaugurando o gênero cognominado de “equipagem”, e, graças a essa explosão de popularidade, as armaduras dos cavaleiros de ouro, a exemplo dos trajes de Gêmeos e de Libra, sumiram das prateleiras no instante em que chegaram às lojas.
As miniaturas dos 12 cavaleiros de ouro foram todas lançadas durante a transmissão da Batalha das 12 Casas. Tal façanha só foi possível porque o design das armaduras de ouro fora finalizado antes da aparição dos trajes na revista semanal. Os 12 cavaleiros de ouro — inauditos, Shura, Afrodite e Saga tiveram suas faces ocultadas — apareceram numa ilustração de frontispício, evento que marcou o início da produção de protótipos pelo departamento de desenvolvimento da Bandai, que promoveu a distribuição ao realizar exibições em feiras como a Tokyo Omocha Show de junho de 1987.
O jogo produzido para o Nintendinho Saint Seiya Ōgon Densetsu se tornou uma grande sensação na seara dos brinquedos eletrônicos, que dominavam a cultura do entretenimento infantil da época. No intervalo do desenvolvimento do jogo, o mangá ainda focava a conflagração do Santuário, razão pela qual o último chefe, o homem por trás do ominoso alter ego do Grande Mestre, era um cavaleiro misterioso, uma contribuição dos leitores. Apesar dessas particularidades, o cartucho registrou vendas favoráveis, alavancando o lançamento de Saint Seiya Ōgon Densetsu: Kanketsu Hen no ano seguinte.
Além disso, foi lançado o primeiro anime mook do departamento editorial da Shūkan Shōnen Jump, a mesma antologia que publicava os quadrinhos. Até o advento desse guia ilustrado, as produções cinematográficas preparadas pelo departamento editorial da Roadshow, como Uchū Senkan Yamato, representavam o carro-chefe dos anime mooks da Shūeisha, e as aventuras de Dr. Slump & Arale-chan no cinema eram as únicas produções do semanário contempladas com essas publicações.
Nessa conjuntura, o lançamento do livro ilustrado do anime, que versava sobre uma obra televisiva e, ainda por cima, era editado pelo departamento da Shōnen Jump, não foi menos que um feito notável (para mais informações a respeito do encadernado, vide a página de introdução às publicações).
Praticamente em simultaneidade com os trabalhos no anime mook, teve início o processo de editoração da Compilação Especial da Shōnen Jump: Saint Seiya Cosmo Special. Consistindo em volumes suplementares das obras em publicação, até então, esse selo já havia produzido almanaques de Kinnikuman, Dr. Slump, Captain Tsubasa e Dragon Ball. Mesmo situado na esteira dessas edições especiais, o Cosmo Special veio ao mundo dotado de um estilo sem precedentes, munido de informações complementares em todas as fichas.
O primeiro filme também estreou em julho de 1987 e, graças à sinergia com os quadrinhos e com as peripécias na TV, fez um sucesso simplesmente paroxístico. Nessa altura, com a Saga das 12 Casas inacabada nos quadrinhos, a roteirização da série avançava praticamente no mesmo ritmo da revista semanal. O epílogo da Batalha das 12 Casas no mangá ocorre no volume 14 da antologia, publicado em 14 de março de 1988, ponto em que a defasagem cronológica do anime televisivo realmente não passava de 5 semanas.
Ainda que a operação de transposição tenha começado com o esqueleto do mangá (nas primícias do rascunho), trata-se de um cronograma surreal, no qual se pode vislumbrar o sólido sistema de produção da Tōei Animation daqueles tempos.
Tampouco se pode olvidar o esmero da opípara composição da série, que, entre outras proezas, deixou o embate de Ikki e Shaka ainda mais vívido ao inserir os episódios extras Ikki! A ave fênix sem asas e Laços de amizade! O grito de Atena no prelúdio do confronto na Casa de Virgem.
Consequência inicial do défice de quadrinhos, a assimetria na configuração da história foi reduzida ao menor nível possível na Saga das 12 Casas. Com o término da batalha do Santuário no mangá, irrompeu a Saga de Posseidon. Na série de TV, foi decretada a difusão de uma fase autóctone até que uma provisão de páginas da guerra contra o Imperador do Oceano fosse amealhada.
Em virtude dessa decisão, uma coalizão formada por Masayoshi Kawata, produtor da TV Asahi, Yoshifumi Hatano, produtor da Tōei Dōga (atual Tōei Animation), Kōzō Morishita, diretor da série, Takao Koyama, encarregado da composição, e pelos demais membros do estafe principal foi arregimentada numa longa conferência a fim de discutir os delineamentos deste novo estágio do seriado.
Masayoshi Kawata
“(…) penso que as palavras ‘queimar o cosmo’ traduzem perfeitamente a confecção da obra.”
— O senhor poderia nos contar como se envolveu na produção?
Até então, eu estava focado em live-actions, dramas como [os filmes da sessão] Doyō Wide Gekijō, mas ingressei na produção para substituir o senhor Morihiro Katō, o meu predecessor. Quanto ao momento da transferência, foi antes da difusão, num período em que o projeto já estava chancelado. Antes da série, eu havia atuado como produtor assistente em Ginga Nagareboshi Gin, mas este trabalho foi a minha primeira experiência substancial no ramo de animações.
— Então, foi o primeiro anime do senhor. E como foi esse debute na prática?
Em termos de confecção do drama, não importa se é um anime ou uma obra com atores de carne e osso, pois as partes-base são as mesmas. Na verdade, podemos retratar no anime situações que não podem ser materializadas em live-actions, havendo um grau de liberdade na sua expressão.
Além disso, o que me deixou exultante ao entrar no mundo dos animes foi a transmissão direta das respostas dos fãs. No caso dos dramas representados por gente de verdade, existem as cartas dos fãs para os atores, mas, considerando que são raras as impressões que adentram o conteúdo da produção, como ocorre nas correspondências dos entusiastas de animes, foi extremamente gratificante nesse sentido.
Depois das reuniões no Tōei Dōga de Oizumi (atual Tōei Animation), dava para notar, quando olhava para o prédio, que a luz estava bem acesa na maior parte das janelas. Lembro que fiquei estupefato ao ver o pessoal se dedicando à produção àquela hora da noite…
Eu tinha um conhecimento teórico de que os animes eram criados pelo engajamento do grande contingente alocado em sua produção, mas foi testemunhando com os meus próprios olhos que pude compreender que uma animação é construída pelos esforços individuais de cada pessoa do estafe.
— Creio que vocês sofreram no início por não haver um estoque de mangás, mas como foi essa situação?
As lutas decerto têm papel principal no mangá, mas, no caso do anime, por se tratar de um horário nobre, direcionado a toda a família, nós fomos expandindo a série com partes inexistentes nos quadrinhos. Além disso, apesar de aparecerem vários personagens na produção, tentávamos nos manter cônscios da posição do Seiya, o protagonista, como o cerne dos episódios.
De fato, a publicação do mangá havia acabado de começar, mas também houve partes em que nos arriscamos apesar das incertezas. E, quando essas partes se mostravam populares pela reação dos fãs, ficávamos extasiados. As experiências daquela época também se fazem presentes na produção dos dramas de hoje.
— Os títulos dos episódios também foram adicionados pelo senhor?
Não fui só eu. Todos nós produtores quebrávamos a cabeça em cada um deles. Na hora de colocar [os episódios] nos guias de programação radiotelevisiva (seção dos periódicos dedicada aos programas de TV e rádio), não nos contentávamos com as sinopses do título semanal; também queríamos publicar os nomes dos dubladores que atuavam nos capítulos.
Um dia desses, deparei com todos esses subtítulos no site de um fã. Enquanto olhava para eles, me recordei daqueles tempos. O fato de a série continuar em tamanha evidência até hoje, transcorridos mais de 10 anos desde a veiculação, é uma alegria sem tamanho para mim, como participante da produção.
— O senhor poderia falar das memórias marcantes que guarda daquela época e impressões do gênero?
Esta produção é baseada na mitologia grega e, haja vista a minha especialização na história da Grécia nos tempos de universitário, pude me familiarizar com ela desde o início. Entre outras coisas, como o prédio da TV Asahi ficava nas imediações da embaixada da Grécia naquela época, fui até lá para confirmar as inscrições gregas da mensagem do Aiolos após receber uma consulta do mestre Kurumada, o autor da obra original.
A série virando filmes, a coqueluche dos produtos, ganhar o Grande Prêmio da Animação Japonesa, viajar com o pessoal do estafe e com a turma dos dubladores… As reminiscências desta produção são infindáveis.
Começando pelo produtor Yoshifumi Hatano, esse êxito deve muito aos membros do plantel principal, como o senhor Takao Koyama, do roteiro, o senhor Kōzō Morishita, da direção dos episódios, o senhor Shingo Araki, da animação, o senhor Tadao Kubota, do design artístico, e o senhor Seiji Yokoyama, da trilha sonora.
O mesmo se aplica ao elenco, que, a exemplo do senhor Tōru Furuya, congregou atores aptos a executar uma atuação sólida. Até hoje, sou capaz de cantarolar as músicas de Seiya… (Risos.)
Penso que as palavras “queimar o cosmo”, que aparecem na trama, também traduzem perfeitamente a concepção da obra. Doravante, pretendo manter este “cosmo ardente” no peito para continuar arrostando a confecção dos trabalhos.
2003 — entrevista concedida na TV Asahi, no centro de Kamiyachō
Ryō Horikawa
“(…) para mim, Seiya é um trabalho que marcou época.”
— O papel do Shun foi decidido por meio de uma audição?
No início, houve uma audição. Mas isso aconteceu há mais de uma década… (Risos.) Também fiz testes para os papéis dos outros 4 cavaleiros de bronze. Não lembro se foi do Shun ou do Seiya, mas, na primeira vez que me mostraram um desenho, eu tive a impressão de que era muito jovenzinho. Por essa razão, dei um ar pueril à minha interpretação. Ao fazer isso, o papel do Shun foi definido.
Eu jamais poderia imaginar que ele se tornaria um personagem amado por todo mundo até hoje, mais de 10 anos depois… Nesse sentido, fui realmente um felizardo por ter sido escolhido.
— O senhor conseguiu assimilar o personagem de imediato?
Mais do que conseguir assimilar, como comecei do zero, eu mesmo fui construindo o personagem. “Ganha quem cria primeiro!” (Risos.) Até então, a maior parte dos personagens que eu vinha fazendo era constituída de papéis de garotos vigorosos e radiantes. O tipo impulsivo, paladinos da justiça que abominavam a iniquidade.
Era a primeira vez que eu me deparava com um personagem afeminado e, como também havia partes andróginas, eu pensava em seguir esta linha. Uma vez que a turma de Seiya tem personalidade direta, um padrão constante nos heróis, a indagação de como seria se eu adicionasse a sensibilidade feminina a esse estereótipo culminou neste personagem.
Sendo o mais compassivo dos 5, ele pensa nos sentimentos das pessoas em demasia, passando por cima dos seus próprios desejos. Em termos de personalidade, ele é mais ou menos daquele tipo que recua um passo e contemporiza: “Como eu entendo o que você quer dizer, vou fazer o possível para não entrar em conflito”, certo?
— O senhor dublou um novo tipo de personagem, diferente dos que havia feito até o momento…
Sim, o Shun foi o primeiro desse estípite. É por isso que, para mim, Seiya é um trabalho que marcou época. O Shun de Andrômeda foi o primeiro papel completamente inovador que tive a oportunidade de interpretar. Contudo, ao fazê-lo, continuei a pegar esse tipo “delicadinho”, não é?
— Como era a relação com o Ikki?
Considerando que o Hideyuki Hori é meu amigo há séculos, a dublagem foi fácil nesse sentido também. É a mesma coisa agora, mas, por causa desse hiato de tantos anos, eu já estava pensando que o pessoal tinha mudado e tal, mas ninguém mudou nadica de nada… Regressamos ao passado num átimo. Foi curioso, sabe? Embora não atinemos nisto, tudo o que cultivamos até aqui continua ininterrupto na nossa história pessoal.
Foi por isso que, mesmo nos encontrando depois de mais de 10 anos, acabamos voltando aos velhos tempos numa fração de segundo, como numa reunião de ex-alunos. Consequentemente, também conseguimos atuar em Hades: A Saga do Santuário sem qualquer desconforto.
— Naquela época, como era a atmosfera na dublagem?
Amistosa, confortável para atuar. Talvez haja também o fato de eu ter uma natureza descarada… (Risos.) mas eu não ficava nervoso nem mesmo na presença dos outros veteranos. Hoje em dia, como já estamos com uma boa idade, quando vamos ao estúdio, ou a qualquer lugar que seja, a maioria das pessoas é menos experiente.
— Ultimamente, o senhor tem estado ativo em áreas diversas, a exemplo dos filmes voltados ao mercado de vídeo. Nessas horas, o senhor emprega a experiência acumulada em Seiya?
Penso que há uma sinergia entre todos os segmentos. No início, eu vivia atuando. Wingman marcou a minha estreia na dublagem. Mas o vetor do ofício do dublador não seria apenas a voz? Num trabalho audiovisual, temos o auxílio da imagem, mas é realmente complicado atuar só com a voz.
Na profissão de dublador, reinterpretamos a importância das falas e levamos esse sentimento ao set de gravação. Fazendo isso, elas saem de forma distinta. Portanto, acho melhor fazer os dois. Penso que, no campo da representação, não existe nada que não tenha alguma serventia. Ao regressar das incursões a outros universos, a sua bagagem também aumenta. Como passei a ter uma compreensão geral do processo, essa experiência tornou-se algo de suma importância para mim.
— Creio que também havia uma legião de fanáticos alucinados naqueles tempos, mas gostaria de pedir ao senhor que mandasse uma mensagem aos fãs que compraram estes DVDs.
Se vocês puderem voltar a se divertir como na época da exibição em tempo real, gritando coisas como “Kyaahh!! Shun!!”, nós nos sentiremos mais honrados do que nunca.
— Muito obrigado.
2003 — entrevista concedida no escritório comercial
Contribuição Especial
Tetsuo Daitoku
Se questionado, eu diria que a transposição das obras da Jump é uma coisa boa; no entanto, o processo dá origem à proliferação dos fanzines de paródia. Considerando que, entre essas publicações, há títulos que também vendem dezenas de milhares de cópias, revistas com o repulsivo conteúdo yaoi e aquelas que simplesmente veiculam os documentos de criação do anime, tenho ouvido que as consultas dos autores das obras originais também vêm aumentando. Nesses contatos, eles reivindicam providências das editoras, como empresas responsáveis.
Os fanzineiros são, invariavelmente, jovens entre os 15 e 25 anos. Além de haver um constrangimento das editoras em acioná-los judicialmente por violação de direitos autorais, sabe-se que as companhias não tencionam adotar uma postura antagônica à atividade dos fanzines. As obras Captain Tsubasa e Saint Seiya eram exemplos lapidares dessa dicotomia.
Se bem me recordo, minha resposta ao senhor Torishima foi mais ou menos assim: “Como a Shūeisha é a editora, ela pode lançar publicações do anime! Afinal, a falta destes livros também tem o condão de compelir as pessoas, na qualidade de fãs, a criar seus próprios fanzines. À primeira vista, pode parecer que estamos jogando óleo no fogo, mas creio que esta seja, a despeito das aparências, a medida mais eficaz para coibi-los. Ameaçá-los com medidas legais só vai gerar oposição. Isso provavelmente seria inútil”.
A resposta do senhor Torishima foi sucinta: “Entendi. Neste caso, vamos lançar um anime mook. Como você estava trabalhando na edição de revistas de animes, faça-nos um livro do anime de Saint Seiya”.
O Saint Seiya Anime Special nasceu desse colóquio. A edição foi capitaneada pelo antigo editor-chefe da Shōnen Jump semanal Toshimasa Takahashi, que infelizmente faleceu precocemente há pouco tempo, e pelo atual editor-chefe da Super Jump, o senhor Kensuke Itō. Analisando pelos paradigmas atuais, eram membros galácticos.
Contando com uma prolífica colaboração do mestre Masami Kurumada, o autor do mangá, nós conseguimos construir um livro ilustrado de anime que só a Shūeisha pode fazer.
Resultado do sincretismo dos belos personagens do mestre Kurumada e de um maravilhoso universo que tem a mitologia como base, Saint Seiya mesmerizou uma legião de entusiastas logo no início da serialização. E nós estávamos de olho nessa febre.
Levando em conta que os quadrinhos foram convertidos com o recrutamento de um plantel onírico da Tōei Animation e de Shingo Araki & Michi Himeno, os papas da animação, não havia razão para que a publicação não chamasse a atenção das pessoas. Aliás, seria até estranho não transformar este conteúdo em livro.
Entretanto, como seria o primeiro anime mook do departamento editorial da Jump, durante a fase preparatória, tivemos de confeccionar protótipos, testar padrões de design…
A aguardada Jump Gold Selection fez um tremendo sucesso, desaparecendo dos estoques das lojas num átimo. Tratando-se também de um divisor de águas na minha carreira, as reminiscências das publicações de Saint Seiya, ainda hoje, são cristalinas para mim.
Atua na produção editorial e como representante da editora Kisōsha. Tornou-se independente ao passar pela chefia do mensário OUT. Participou, posteriormente, do projeto e da edição de vários livros ilustrados de animes. No que se refere a Saint Seiya, engajou-se na edição das coletâneas Anime Special e Jump Anime Comics e do almanaque Cosmo Special
6 Comentários
Olá, primeiramente queria parabenizar pelo trabalho (e acredito que realmente tenha dado muito trabalho). Estou com algumas dúvidas e gostaria de saber se você poderia tirá-las:
1) No perfil de cada personagem aparece o nome dele e o que a armadura representa. Por exemplo: Capela – constelação de Auriga; Aracne – Tarântula; Ágora – constelação de lótus. A palavra “constelação” está realmente escrita no texto original ou foi uma inserção sua? Podemos assumir que a Toei considera Lótus uma constelação e não considera Tarântula?
2) Os “sonota saints” não são protegidos por constelações, mas existe alguma passagem no texto que diga que eles não possuem patente? Eu não vi isso na Pegasus Box. Talvez na Jump Gold Selection 2?
Agradeço!
Olá, Raphael. Você é muito perspicaz.
1) Os livretos são baseados nos dados veiculados nos 3 volumes da JGS. A ficha do Ágora mimetiza os dados da JGS 2. Em ambas as publicações, está grafado “蓮座” com a leitura “lótus”. Como Pavão é uma constelação, imagino que o redator tenha pensado que havia uma constelação de Lótus. No livreto do primeiro volume da série remasterizada (2014), também vemos “constelação de Lótus” (embora possamos usar, em todas as publicações, apenas a leitura indicada em katakana, “lótus”. Não acho que isso tenha algo a ver com a Tōei, pois não há menção a uma constelação na dublagem. Creio que isso se deva à falta de atenção dos redatores das fichas, que escoliaram seu trabalho nas fichas do Anime Special.
Obs.: aquela plataforma de lótus na qual o Shaka medita é chamada de “蓮の座”.
2) Os “demais cavaleiros” são cavaleiros (concebidos pelo anime) que não têm seu destino guiado por uma das 88 constelações. A maioria deles é como o Docrates, o Leda, o Spica e o Spartan (eles são apresentados no anime apenas por antropônimos); no entanto, o Aracne é categoricamente apresentado como cavaleiro de prata no episódio 35, assim como o Albiore (episódio 69). Como podemos observar, alguns deles são classificados como guerreiros pertencentes à hierarquia da confraria.
Olá, muito obrigado pela resposta (e perdão pela imensa demora em responder).
Eu li por aí que há certas diferenças entre as classificações de alguns personagens ao se comparar esses booklets com a JGS2. Por exemplo: na JGS2 Shiva e Ágora estariam classificados como prata, enquanto na Andromeda Box não fica claro o que eles são. Assim como Spartan, que não teria patente antes, e agora é de prata.
Você pretende traduzir/publicar a JGS2 e outros materiais oficiais do anime?
Obrigado!
Boa tarde, Raphael.
Perdoe-me pela demora. Contraí caxumba e fiquei um tempo afastado do computador.
Terminei a edição da Jump Gold Selection 2 no ano passado (acho que até postei as entrevistas do estafe). Não postei o livro ainda porque preciso arrumar algumas coisas no site antes.
De acordo com a JGS2, o Spartan é um cavaleiro de classe desconhecida. O livro é peremptório no que tange à classe de Ágora e Shiva. São cavaleiros de prata.
Sim, tem algumas entrevistas no site, como a da Michi Himeno. Foram postadas em 2013, aparentemente. A não ser que ainda haja outras.
Sei que devo estar te perturbando com tantas perguntas, mas prometo que essas serão as últimas:
1) Na JGS1 se comenta sobre os tais “cavaleiros do exército privado” (“shihei saints”). Eu só encontrei citações a respeito de Dócrates e do cavaleiro do Calor Abrasante (o cavaleiro de Fogo), mas na internet eu sempre vejo incluírem o Spartan nesse grupo. Ele realmente é citado na JGS1 e eu não vi? Ou em outro lugar, como a JGS2 ou outra?
2) Em relação ao Aracne de Tarântula, pelo que eu li a respeito da JGS2, há um trecho que diz ele era auto-proclamado cavaleiro de prata. Mas a questão é outro trecho dessa revista (quase no fim), que diz:
教皇の勅命を受けてムウを探しにやって来た白銀聖闘士。命の水をくみに来た星矢に戦いを挑む。
Eu já vi traduções dessa frase dizendo que 1) ele era um cavaleiro de prata; 2) ele se aproximava do nível de um cavaleiro de prata; 3) ele se transformou/se tornou um cavaleiro de prata. Você poderia me adiantar qual é a versão correta?
A propósito, eu tenho os booklets (em japonês) do Blu-ray Box de 2014, caso você ainda não tenha e queira para a sua coleção.
Boa tarde, Raphael.
Não hesite em perguntar. Se não gostasse de responder a essas indagações, não teria incluído a seção de comentários.
O “exército privado do Papa” é composto por esses cavaleiros sem constelação que antecederam a aparição dos cavaleiros de prata na série. O Spartan é apenas um cavaleiro sem constelação. Ainda que sua armadura se assemelhe aos trajes de prata, não foi categorizado.
De fato, na seção da Enciclopédia dos Cavaleiros, há a citação “自称・タランチュラの白銀聖闘士” (“É o autoproclamado Cavaleiro de Prata de Tarântula”). Não há dúvidas de que o Aracne seja um cavaleiro de prata; ele se apresenta como tal no episódio 35. Ao que parece, o redator tinha o conhecimento de que não existe uma “constelação de Tarântula” — o que não ocorre com Lótus —, razão pela qual utilizou o termo.
P.S.: eu também tenho quase tudo que considero relevante sobre a série clássica. Agradeço a oferta. Eu enviei as páginas concernentes às questões por e-mail.