“O que eu queria retratar em Seiya era a devoção sectária de Seiya por Saori.”

    Como o filme do senhor Morishita foi uma bola reta, permitiram que eu fizesse o meu por meio de uma bola curva. A parte basilar, “a figura dos cavaleiros que protegem Atena”, é a mesma, mas eu a retrato salientando o “sentimento de Seiya por Saori”.

   Em A Grande Batalha dos Deuses, decidi que o inimigo (Dorbal) mostraria seu verdadeiro caráter ao ser interpelado por Saori. Isso aconteceu porque eu queria fazer com que Saori, que normalmente não está em posição de lutar, confrontasse o inimigo.

Saori é confinada numa dimensão paralela ao confrontar Dorbal

   Depois disso, na cena em que o Shun procura Saori, o close se converte numa tomada longa no exato instante em que o rosto da deusa é exibido. O fato é que eu mesmo não costumo usar este tipo de direção, mas, ao ser levado pelos esforços desesperados do Shun, sem querer, acabei me empolgando no storyboard. (Risos.)

Graças à maestria do senhor Yamauchi, A Grande Batalha dos Deuses é um filme repleto de nuances insuetas, ângulos que jamais haviam sido explorados pela produção

   Posteriormente, na sequência em que Andrômeda é dilacerado junto com o chão e tudo pelo Ull, até calculei o tempo da queda e a altura do rochedo… Eu tenho essas memórias.   

Ull também retalha a armadura de Andrômeda

   O que gosto em A Lenda dos Jovens Carmesins é da abertura, sabe? Foi bom poder retratar Saori como uma menina.

Magnífica, a abertura do longa-metragem exibe uma faceta inusitada de Saori

   Por haver uma regra que diz que o lado da justiça é o direito, no apogeu, nas cenas em que Pégaso arma o arco, não importa o que se faça, acabamos impossibilitados de enxergar o seu rosto. Então, entre outras coisas, eu elaborei o esquema de girar a câmera para que o Seiya pudesse ser visto galantemente. 

Lançando mão de um expediente brilhante, o diretor Yamauchi permitiu a visualização da face de Seiya 

   Quanto àquela cena em que a flecha de Sagitário corta o ar, no storyboard, a seta acaba chegando ao destino em cerca de 1 segundo. Como a achei insípida demais, implorei ao senhor Araki que a expandisse para mim. Eu sinto muito por aquilo… (Sorriso de embaraço.)

Provando que é humano, o genial diretor Yamauchi cometeu um erro no storyboard, mitigando o impacto do grand finale

10/6/2004 — depoimento concedido no Parque do Templo Zenpuku

Ficha

Data de nascimento: É segredo! (Risos.) Estreou na direção em Arrow Emblem Grand Prix no Taka (1977). Em Saint Seiya, além dos 2 filmes mencionados acima, dirigiu os OVAs de Hades, a Saga do Santuário (2002) e o filme Prólogo do Céu (2004). Seu último trabalho foi Ojamajo Doremi Na-i-sho (2004).

 

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Aficionado sectário de Saint Seiya desde 1994, sou um misoneísta ranzinza. Impelido pela inexorável missão de traduzir todas as publicações oficiais da série clássica, continuo a lutar. Abomino redublagens.

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