Os 5 cavaleiros de bronze levaram em conta o balanceamento

   Na época que estava elaborando as ideias deste trabalho, ao observar materiais relacionados a estrelas, encontrei imagens sobre as “Leônidas”. Trata-se de um número inacreditável de meteoros caindo do céu, mas é incrivelmente maneiro, não é verdade?

O fenômeno em vídeo

   Como o fenômeno se encaixava perfeitamente na imagem dos cavaleiros, a princípio, eu estava pensando em fazer com que o protagonista fosse da constelação de Leão. No entanto, enquanto pesquisava extensivamente, achei um elemento chamado constelação de Pégaso e, como a figura do cavalo alado que cortava os céus batia muito bem com a imagem do protagonista, optei pelo Cavaleiro de Pégaso para esse papel, ainda que a imagem da “Chuva de Meteoros Leônidas” tenha permanecido, incólume, na técnica secreta do protagonista.

   No que diz respeito ao nome, descrevendo uma flecha sagrada, seria Seiya [聖矢]. Mas talvez fosse bonitinho demais para um nome de sangue quente, não? Por isso, mantive a pronúncia, trocando o ideograma de “sagrado” pelo de “estrela” [星矢]. Eu mesmo aprecio incrivelmente este nome. (Risos.)

   Quando os contornos gerais da obra foram definidos, aqueles que fui criando ao selecionar 10 das constelações mais legais entre as 88 foram os 10 cavaleiros de bronze. Então, também fui bolando as personalidades deles em compatibilidade com suas respectivas constelações. O fato de eu equipar a armadura do Shiryu com o escudo e o punho mais fortes remonta a um conceito chinês equivalente ao dragão, proveniente da parábola da “contradição”, presente no folclore.

   No que se refere ao Hyoga, é que eu queria um sujeito singular. Para a consecução de um balanceamento geral. Foi por esse motivo que o idealizei como mestiço e também como possuidor de uma personalidade fria. Despedaçar aquela parede eterna de gelo proveio de uma imagem que eu nutria desde os estágios conceituais.

   Na época que comecei a serialização, como havia o cenário de acordo com o qual os 10 cavaleiros eram inimigos, quando o Shun apareceu, eu também tentei deixá-lo com certa frieza. Mesmo no que tange à Corrente Nebulosa, que ele carrega nos dois braços, não há um sentido profundo no fato de a da direita ser um triângulo e a da esquerda ser um anel. Incorporando uma imagem ocidental da constelação de Andrômeda que continha o desenho de triângulos e círculos, tentei bolar à minha própria maneira o significado do formato das correntes da esquerda e da direita.

   A partir do momento no qual escolhi as 10 constelações pela primeira vez, o personagem que concebi como o mais poderoso dos inimigos foi o Ikki. Se tivesse de apontar a constelação digna do mais forte dos homens, não haveria outra senão Fênix. A técnica assassina Golpe-Fantasma de Fênix também veio à medida que a história avançava. Eu a concebi na hora de tocar no passado do personagem, como uma forma de me transportar a cenários de reminiscências sem arruinar o tempo da história. Embora vaga, havia a percepção de que ele se tornaria um companheiro de Seiya desde a época que era retratado como inimigo.

Os soldados supremos que protegem o Santuário

 

Sobre os cavaleiros de ouro…

   Na hora da aparição dos cavaleiros de ouro, foi por pensar que em vez de fazer aparecer 12 pessoas completamente desconhecidas seria mais interessante que eles tivessem conexões com os protagonistas que eu transformei o Mu e o Dōko em cavaleiros dourados. Devido à graciosidade transmitida pelo Mu, decidi facilmente pelo Cavaleiro de Áries.

   O Dōko, por sua vez, eu fui concebendo a partir da armadura. A constelação de Libra é um pouco sem graça, não? Foi por isso que incluí um montão de elementos. Então, ao matutar sobre um personagem que suportaria o peso dessa configuração, quem veio à tona foi o Dōko.

   Quanto ao resto, eu realmente pretendia inserir caras como o Aiolia no papel de personagens convidados no primeiro capítulo, mas deu tudo certo. Nutrindo desde o início a ideia de que um dos 12 cavaleiros de ouro seria o mestre do Hyoga, a princípio, eu tencionava escolher o Milo. No entanto, mudei para o Camus por combinar mais com gelo e água.

   No que se refere ao fato de a verdadeira identidade do Papa repousar no Cavaleiro de Gêmeos, eu havia tomado tal decisão desde um estágio anterior, mas quebrei a cabeça para saber se fazia um sujeito com dupla personalidade ou irmãos gêmeos, sabe? Ainda que, no final das contas, tenha usado os dois cenários… (risos.)

   No que tange ao Cavaleiro de Gêmeos que bolei no início, eu tinha a intenção de batizá-lo de Shura. Apesar de ter tirado o nome de “Shura”, de “ashura” [asura], realmente dá uma impressão de que ele ama as batalhas, não? Assim, por gostar bastante do nome e também por ser perfeito para o homem que derrotou Aiolos, optei por utilizá-lo no Cavaleiro de Capricórnio.

   Quando ganhei um one-shot de 31 páginas na Jump, por ser uma boa oportunidade, eu decidi que retrataria o passado do Ikki e, mesmo com o sentido de deixar o terreno preparado, eu pretendia fazer a aparição dos cavaleiros de ouro, entende? Já que tinha de revelá-los de qualquer jeito, enquanto pensava em mostrar um sujeito aterrador, por acaso, o nome Shaka [hagiônimo nipônico do Buda histórico] me veio à cabeça. Assim que o nome foi decidido, a imagem do personagem foi se ampliando, sabe?

   O fato é que o homem chamado Shaka despertou um sentido superior ao sétimo sentido. E o que seria?… Eu pretendo ir revelando no mangá atualmente em publicação. É por isso que o Shaka pode estar em posse da chave da saga de Hades, entende?

Em direção a uma nova guerra santa…

   Uma vez que eu já tinha o conceito da Saga de Hades em mente quando comecei a desenhar a Saga de Posseidon, eu acalentava o pensamento de que a fase do Soberano dos Mares seria o amortecedor entre dois grandes episódios e pretendia terminá-la em cerca de 1 ano. O fato é que, quando a história se aproximava da metade, eu já estava pensando num belo final com aquela atmosfera dos filmes franceses, sabe?

   Considerando que todos os marinas acreditavam no regime de Posseidon, todos eles eram boas pessoas, não é verdade? Entretanto, parando para pensar agora, também me pergunto se não deveria ter me aprofundado um pouco mais no que concerne aos 7 generais. Apesar de pretender fazer da Tétis uma personagem-chave no início, acabei decidindo dar esse papel crucial ao Canon.

   No caso do Canon, eu estava pensando em fazê-lo aparecer na Saga de Hades, mas, como queria empreender uma mudança no desenvolvimento do estágio de Posseidon, eu o fiz dar as caras como o General Dragão-do-Mar. Os nomes da Saga de Posseidon me fizeram quebrar a cabeça. Na fase de Hades, saíram mais facilmente.

   Na Saga do Imperador do Submundo, parece que muitos cavaleiros perderão a vida. Já que, comparadas à batalha que se inicia agora contra Hades, a rebelião de Saga e o despertar de Posseidon não passaram de meros acidentes, penso que certamente será uma guerra grandiosa.

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Aficionado sectário de Saint Seiya desde 1994, sou um misoneísta ranzinza. Impelido pela inexorável missão de traduzir todas as publicações oficiais da série clássica, continuo a lutar. Abomino redublagens.

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