ENTREVISTA Nº 2 — O DUBLADOR DE HYOGA DE CISNE
“(…) agradeço a Deus por ter podido encontrar este programa e interpretar este personagem.”
— Para começar, poderia nos contar toda a história de como o senhor passou a interpretar o Hyoga?
Creio que tenha sido o mesmo com os outros atores, mas eu passei por uma audição. Na ocasião, me fizeram o favor de mostrar as fichas dos personagens; porém, como eram lindos de morrer, eu já estava resignado. É por isso que eu fiquei surpreso quando fui contatado mais tarde.
Trata-se de um acontecimento posterior, mas, ao ficar sabendo que o produtor Kawata, da TV Asahi, gostou da minha interpretação e me recomendou, eu agradeci mentalmente e me enchi de gana para corresponder às expectativas dele.
— E como foi dublar o Hyoga na prática?
A princípio, eu lancei mão de vários experimentos na tentativa de desenvolver o Hyoga, na construção do personagem e coisas do tipo, mas, curiosamente, fui capaz de ir incorporando naturalmente as expressões faciais e a atuação ao ver os desenhos. Quando li o script e fitei os desenhos do Hyoga, senti como se tivesse sido possuído pela alma do personagem.
— Quando o senhor passou a sentir a repercussão do trabalho?
Acho que fui adquirir autoconfiança a partir da luta com o Cavaleiro de Cristal, nos episódios 20 e 21. A dublagem frequentemente é descrita como a sincronização da respiração do ator com a do personagem; porém, como isso ocorreu naturalmente durante a interpretação do Hyoga, eu realmente senti como se tivesse me tornado um só com o personagem.
Quando se fala desta obra, mesmo na época, o elenco reuniu uma plêiade excelsa, com o senhor Michihiro Ikemizu no papel do Cavaleiro de Cristal e, claro, o senhor Rokurō Naya no papel do Camus. Depois, teve o senhor Shūichi Ikeda no papel do Milo. O envolvimento com esses atores ilustres nos papéis opostos me permitiu extrair muito mais do personagem. Assim como o grupo do Hyoga vai amadurecendo ao guerrear com os cavaleiros dourados na trama, acho que nós fomos crescendo com a oportunidade de contracenar com os dubladores mais experientes.
— O senhor tem recordações marcantes?
Uma fala ficou marcada de forma indelével na minha memória: “Os sonhos jamais são impossíveis. Se acreditarmos num sonho e lutarmos por ele, não importa o que seja, este sonho certamente se tornará realidade”.
O senhor Hashimoto teve sua voz imortalizada nas falas inesquecíveis do Cisne
Essa foi uma frase que eu proferi na luta com o Milo, mas foi algo que também me encheu de esperança. Além disso, eu a transcrevi como nota de rodapé inúmeras vezes nas ocasiões em que tive a honra de dar autógrafos. É por isso que ela me marcou incrivelmente.
Depois, o Isaac. O amigo de infância, ou melhor, o coleguinha que estava em treinamento havia mais tempo. Carregando o fardo de todo tipo de carma, há um drama no modo que eles levam a vida. Assim, todos eles me deixaram uma espécie de mensagem. O Isaac também me legou uma fala: “Se dirigisse esses sentimentos ardentes em prol da justiça, você poderia se tornar um cavaleiro tremendamente poderoso”. Exortado por essas palavras, o Hyoga torna a amadurecer.
A vontade do Cisne de reencontrar a falecida mãe comove o impassível Isaac
— O embate com o Milo foi a primeira batalha do Hyoga na Guerra das 12 Casas, não?
Sim. Além do mais, ele foi aquecido pelo Shun depois de sair do caixão de gelo. E, então, ele aparece com o Shun nos braços. Essa cena foi boa. Até aquele momento, esse tipo de tomada era reservado ao papel do Ikki. Sendo a primeira vez que me permitiram fazer, pensei “Oh, que galante, hein”…
Como se não fosse o bastante, para os fãs, parece que aconteceu muita coisa naquela cena em que ele é esquentado pelo Shun… (Risos.)
— Como era a interação com os outros atores no estúdio?
Tirando a hora das performances, o estúdio era um lugar amistoso, palco de piadas. Contudo, a atmosfera mudava quando entrávamos em cena. Essa tensão salutar, da mudança repentina do ambiente, obviamente se devia à presença dos colegas veteranos. Foi realmente uma felicidade ter podido dublar em tal local de trabalho.
Nós intérpretes dos cavaleiros de bronze também nutríamos uma rivalidade mútua. É por isso que podíamos sentir o cosmo de todo o pessoal na casa. Afinal, hoje em dia, são poucas as produções com muitos veteranos no estúdio, sendo raros também os trabalhos com tamanha prodigalidade de protagonistas de mesmo peso.
Há uma fala na qual o Hyoga diz: “Houve um tempo em que eu amaldiçoava o meu infeliz nascimento, mas hoje agradeço a Deus por ter nascido na mesma época que esses caras, tendo-os como amigos”. Eu também sinto que devo agradecer a Deus por ter me dado a oportunidade de encontrar este programa e de interpretar este personagem. É por isso que, para mim, este trabalho será sempre inesquecível.
Comovente, o episódio 62 se tornou um exemplo lapidar do imenso talento do senhor Kōichi Hashimoto
— Para terminar, peço que o senhor envie uma mensagem aos fãs que compraram os DVDs.
Dada a exiguidade de cenas na nova produção, Hades: A Saga do Santuário… (Risos.) eu ficaria lisonjeado se vocês se divertissem relembrando a atuação do Hyoga na série de TV. E, por favor, aguardem os desdobramentos futuros com a euforia desencadeada por esse entretenimento.
2003 — entrevista concedida na sede da agência Aoni Production