Detalhes da Produção
Introdução ao Cygnus Box
Os capítulos que podem ser considerados o suprassumo, o zênite dos episódios autóctones da animação, são aqueles que compõem a “Epopeia do Anel Dourado”, em outras palavras, os subtítulos da Saga do Norte da Europa (Asgard), compreendida entre o episódio 74 e o 99. Até então, uma profusão de capítulos esparsos — aventuras solo, sem liames cronológicos — havia sido produzida, mas a concepção de uma trama que montava a 24 episódios originais era, indubitavelmente, uma decisão que poderíamos chamar de temerária.
Entretanto, a resolução era fruto de cálculos meticulosos, uma consequência natural da produção do primeiro filme, ocasião em que o estafe prospectou uma resposta inelidível acerca das possibilidades dos capítulos baseados em sua própria percepção do universo da obra.
A Epopeia do Anel Dourado foi construída sobre os alicerces de A Grande Batalha dos Deuses, que estreou em 12 de março de 1988. Um especial que narra o desafio de combatentes advindos da mitologia nórdica à turma de Seiya, cuja origem está intrinsecamente atrelada aos mitos da Grécia, o média-metragem foi o primeiro filme dirigido por Shigeyasu Yamauchi, o diretor de núcleo dos OVAs de Hades: A Saga do Santuário, e, por seu status de marco que aperfeiçoou o estilo de expressão de Saint Seiya como anime, é um trabalho que conta com grande estima dos fãs ainda hoje.
Com o advento da nova etapa, as fichas dos personagens foram completamente renovadas, trazendo mudanças nas proporções corporais e atributos afins. Além disso, também foi planejada uma uniformização com os quadrinhos no que se refere ao design das armaduras.
Durante o processo de produção do segundo filme, o seriado televisivo entrava na Batalha das 12 Casas, razão pela qual a popularidade ficaria inexoravelmente empedernida, mas a composição da série também era discutida com vista à rota futura da animação após a conflagração no Santuário. Apesar de a publicação da Saga de Posseidon já estar sacramentada no mangá, por não haver um estoque de quadrinhos, era fisicamente impossível veicular a fase do Imperador do Oceano de modo contíguo ao término da luta nas 12 Casas. A inópia do estoque decretou a inserção de episódios exclusivos até que uma provisão de páginas fosse amealhada.
Seguindo essa determinação, o senhor Takao Koyama redigiu o memorando intitulado Saint Seiya: Nova (A Epopeia do Anel Dourado) Série — Prólogo, Desenvolvimento e Epílogo [Planos], uma reestruturação do segundo filme para a série de TV. Esse documento da composição foi finalizado na primeira dezena de janeiro de 88, motivo pelo qual se depreende que a decisão de migrar para a Fase do Norte da Europa e os consequentes preparativos da produção tomaram corpo no final de 1987, antes da estreia de A Grande Batalha dos Deuses.
À exceção do fato de Bado ascender ao posto de legítimo guerreiro-deus no início da história, quando Shido é derrotado por Seiya durante o atentado contra a vida de Saori, e do fato de haver apenas a espada Balmung, sem alusões à armadura de Odin e às safiras, o memorando do senhor Koyama, que também pode ser tido como a obra-mãe da Saga da Escandinávia, não difere em praticamente nada dos episódios televisionados.
Além disso, já que o manuscrito também especificava em seu desfecho que a transposição para o arco do Imperador do Oceano seria deflagrada pela revelação da entidade titânica que se ocultava nas sombras para manipular Asgard, a narrativa exibida na TV foi construída a partir desse final.
Destoando das histórias calcadas no mangá que haviam sido engendradas até o momento, retratos impolutos da obra original, esses fatores também tiveram seu papel na consolidação de um paladar único. Mais uma vez, os guerreiros-deuses eram os novos inimigos a se interpor no caminho dos heróis, mas, com suas posições e origens dissentindo gritantemente dos elementos do filme, cada um desses antagonistas teve sua história pessoal e personalidade profundamente explorados.
O design final de todos os personagens foi elaborado por Shingo Araki e Michi Himeno, havendo, entretanto, esboços conceituais concebidos pela Bandai para as vestes divinas. A confecção desses croquis congregou profissionais como Kōji Yokoi (vestes de Delta e Gama) e Susumu Imaishi (veste de Zeta), conhecidos por seu trabalho em Gundam SD.
Na época da difusão das peripécias no país setentrional, a Saga de Posseidon era publicada no mangá, e as armaduras da turma de Seiya haviam sido renovadas na história. Em consonância com essa alteração, os trajes dos cavaleiros de bronze também foram repaginados na Saga da Escandinávia, encampando um formato correspondente ao dos quadrinhos.
Acompanhando essas modificações, o character design também foi reprojetado, adotando formas mais acutiladas e elegantes, e acabamos por ver aqui um modelo de perfeição de Saint Seiya como anime televisivo.