“A ideia do mangá chamada cosmo me permitiu preencher até as partes originais do roteiro.”
Roteirização da série
Eu entrei no roteiro mais como um substituto interino na ocasião em que o senhor Koyama ficou doente, mas, posteriormente, passando a me envolver continuamente, também me foi permitido escrever A Lenda dos Jovens Carmesins [A Batalha de Abel], que estreia neste verão.
Eu tive o privilégio de ler o mangá depois que ficou decidido que eu escreveria (Risos.), mas fui impactado pela ideia que o senhor Kurumada chamou de cosmo, sabe? Então, vi que as armaduras, os cavaleiros, as constelações… essas coisas estão sendo muito bem empregadas dentro da mitologia da Grécia.
O cosmo é a tremenda potencialidade que o ser humano oculta, ao passo que as armaduras são completamente diferentes dos robôs, uma coisa viva, não? Por isso, sua função de autorregeneração é tão fascinante. Embora haja partes originalmente escritas por mim, senti que o que me permitiu inflá-las foi o mangá, que oculta gigantescas possibilidades.
Eu também conheci o senhor Kurumada. Além de ser um sujeito másculo, ele é bastante modesto, sabe? Tenho a sensação de que, mesmo em relação à produção de textos, ele vai amealhando mais e mais coisas interessantes no intuito de encontrar entre elas o universo dos homens. Isso me fez sentir uma grande empatia.
Dos cinco cavaleiros de bronze, o Ikki é aquele para o qual tenho mais facilidade de escrever. Posso elencá-lo como o número 1. Ikki resolve tudo em uma ou duas cenas. É o Entediado Vassalo do Xogum. (Risos.)
Eu sou fascinado por esse tipo machão, fora da lei. Bem, apesar da infinidade de coisas que escrevi protagonizadas por eles [cavaleiros de bronze], o que mais me marcou foi o episódio 33, O conflito do tigre e do dragão! As lágrimas do dragão cego. Mesmo fazendo uso do Shiryu, ainda que o personagem chamado Ōko seja exclusivo do anime, o aparecimento desse companheiro de treino do Shiryu é uma saga original que retrata o universo kurumadiano.
É uma história que escrevi com base nos apotegmas que dizem que, com o cosmo, pode-se destruir até o destino inexorável e que o ser humano possui várias potencialidades. Portanto, aqui também está o cosmo, mas, por exemplo, o ataque fruto do cosmo… é algo diferente de se atirar sobre o inimigo para travar uma peleja de socos; existe a pressão dos golpes… há golpes parecidos com visões e, em meio às batalhas, há a chamada estética, a concepção artística das lutas.
E, sim, claro que existe também a diversão de se conseguir realmente processar isso em termos de anime. Mesmo que a luta aconteça na escuridão, o universo vem à tona, transcendendo o espaço-tempo. Eu acho que a magia de Saint Seiya como animação está nas partes que nos permitem sentir tal expansão.
Como o final da série já havia sido decretado antes da produção da Saga de Posseidon, o senhor Yoshiyuki Suga, responsável pela composição do último estágio da animação, decidiu substituir Canon por Pégaso na cena em que o general protege Atena do tridente de Posseidon. Trata-se de uma medida a fim de enaltecer o heroísmo do protagonista
Se não houvesse a ideia chamada cosmo em Seiya, se fosse apenas sobre artes marciais, eu e também o senhor Koyama poderíamos não ter continuado na série, entende?