“Tive problemas enquanto escrevia o roteiro por querer, inconscientemente, introduzir piadas.”
Roteirização da série
Como eu pensava que, no que tange a animes, pelas incontáveis comédias em que havia me engajado até o momento, era considerado praticamente um escritor de comédias, quando o senhor Kazuo Yokoyama, produtor da Tōei Dōga, me perguntou se eu não gostaria de fazer os roteiros de Saint Seiya — ainda por cima, como chefe da composição da série —, honestamente, eu fiquei surpreso.
É que não há nada de comédia em Seiya e, além disso, trata-se de um conteúdo de ação diametralmente oposto ao humor, certo? Mas eu não sou apenas um escritor especializado em comédias. Algo me dizia: “Eu também posso escrever uma ação”.
Respondendo por que me queria no roteiro, o senhor Yokoyama disse: “Mesmo que a direção do mangá consista num número extremamente elevado de cenas de luta, no caso do anime, não há apenas cenas de luta. Retratando mais o cotidiano de Seiya e dos demais, a empatia pelos personagens é acalentada, e as cenas de batalha sobressaem. É por isso que um escritor com o seu senso de humor é preferível.”
Graças a Deus, o programa se tornou muito popular, e talvez tenham entendido que não sou só um escritor de comédias. No entanto, o início foi duro, entende? Como estava escrevendo praticamente sozinho, era fisicamente desgastante; e, sendo que até então eu só havia me dedicado substancialmente a escrever comédias, eu queria introduzir piadas a todo custo. (Risos.) Por ser fisicamente extenuante e também por ficar mentalmente suprimindo a vontade de fazer piadas, acabei adoecendo no meio do processo.
A direção do mangá e do anime difere em várias partes; a maior mudança que tomei a liberdade de empreender foi deixar de fora a configuração na qual todos os cavaleiros eram filhos de Mitsumasa Kido. Penso que a produção de nome Saint Seiya retrata as várias formas de afeição entre os seres humanos, como a amizade, o amor decorrente de laços sanguíneos, o amor de irmãos e o amor entre mestres e pupilos. Se todos os cavaleiros tivessem o mesmo pai, isso culminaria no fato de serem irmãos, e essa variedade de formas de afeto se turvaria. Foi por isso que decidi usar Shun e Ikki para representar o amor de irmãos.
Pessoalmente, o Shiryu é o meu personagem favorito, sabe? Ele é o mais completo dos cinco e não possui complexos. Em virtude da relação bem definida com o Mestre-Ancião e com a Shunrei, o roteiro foi fácil de escrever.
A propósito, que diabo aconteceria na Guerra Galáctica?! (Risos.) Ah, eu também gostaria de ver o rosto da Marin…