“É que o Ikki de Fênix é um homem como o Ken (Takakura).” (Risos.)
Como era um filme voltado totalmente ao público infantil, eu busquei uma história de fácil compreensão. O tema é a “união de protagonistas singulares em torno de Atena”.
Para começar, no intuito de fazer dos antagonistas inimigos dignos do último filme, eles sideraram os cavaleiros de ouro num piscar de olhos. Ainda que, depois disso, tenhamos feito uma cena apoteótica com eles. (Risos.)
Eu fiz Atena percorrer o excruciante caminho de espinhos passo a passo, sem que fosse capturada, porque queria expressar a sua disposição para proteger a humanidade a todo custo, mesmo que tivesse de se imolar.
No clímax, a fim de ampliar o highlight, eu me certifiquei que, a despeito de ter envergado a armadura dourada, Seiya não pudesse alvejar o inimigo de imediato. E também a cena em que a flecha trespassa a estátua de Satanás… Eu me recordo que a inseri depois, como uma sequência adicional.
Em seguida, o que demandou muita ponderação foi a forma de retratar o Ikki. Apesar de fazer o tipo chefão da máfia, ele é um desgarrado, um sujeito que dá as costas ao convívio com os companheiros… Nos filmes de yakuza da Tōei, ele seria um homem como o Kōji Tsuruta e o senhor Ken, que só aparecem após o protagonista levar uma surra violenta, não é? (Risos.)
Além de nunca aparecer no início, ele também não dá as caras imediatamente na sua vez de entrar em cena. Primeiro, ele revela o vulto da Fênix; depois, fora da vista dos espectadores, nos permite ouvir apenas a sua voz… Então, quando os personagens olham na direção da voz, dizemos: “É o senhor Ken!” (Risos.)
Eu quis retratar a figura do Ikki de costas voltadas ao irmão mais novo, partindo depois de deixar um comentário de efeito. Não estender prontamente a mão a um fraco é como a imagem de um leão que bota seu próprio filhote para correr, não é verdade?
O senhor Akehi é um especialista na representação do Cavaleiro de Fênix, o epítome da masculinidade
Por falar nisso, na (direção da) história final de Mazinger (1972), quando o Mazinger Z virou sucata, revelaram o Great Mazinger. (Risos.)
8/6/2004 — depoimento concedido no Instituto de Pesquisa da Tōei Animation
Ficha
Natural de Ehime, nasceu no dia 17 de março de 1937. Ingressou no mundo das animações na direção de Ken, o Menino-Lobo (1963). Entre seus principais trabalhos figuram produções como os filmes Queen Millennia (1982) e Slam Dunk: Hoero Basketman Tamashii! (1995). Atualmente, tem lecionado no Instituto de Pesquisa da Tōei e na Universidade Kyoto Seika. Kinnikuman II (2002) foi sua última produção.