Detalhes da Produção
Introdução ao Andromeda Box
Embora tenha nos quadrinhos sua obra-mãe, a animação esteve prestes a se emancipar do título de origem muitas vezes, estabelecendo-se como uma obra distinta, um programa que incorporava a essência do mangá. A medida provinha da inexistência de um estoque de gibis, mas a produção também tirava vantagem do acúmulo de quadrinhos para revisar seu conteúdo, sanando as discrepâncias em relação à trama do mangá.
Na quarta temporada, com o introito da Saga das 12 Casas, que contava com a aparição dos cavaleiros dourados, celebridades até mesmo nos quadrinhos, a popularidade da série foi se firmando. Essa tendência se notabilizou no licenciamento, que registrou um sucesso estrondoso na comercialização de uma miríade de produtos.
A linha Saint Cloth trouxe um novo valor lúdico ao universo dos brinquedos para meninos, inaugurando o gênero cognominado de “equipagem”, e, graças a essa explosão de popularidade, as armaduras dos cavaleiros de ouro, a exemplo dos trajes de Gêmeos e de Libra, sumiram das prateleiras no instante em que chegaram às lojas.
As miniaturas dos 12 cavaleiros de ouro foram todas lançadas durante a transmissão da Batalha das 12 Casas. Tal façanha só foi possível porque o design das armaduras de ouro fora finalizado antes da aparição dos trajes na revista semanal. Os 12 cavaleiros de ouro — inauditos, Shura, Afrodite e Saga tiveram suas faces ocultadas — apareceram numa ilustração de frontispício, evento que marcou o início da produção de protótipos pelo departamento de desenvolvimento da Bandai, que promoveu a distribuição ao realizar exibições em feiras como a Tokyo Omocha Show de junho de 1987.
O jogo produzido para o Nintendinho Saint Seiya Ōgon Densetsu se tornou uma grande sensação na seara dos brinquedos eletrônicos, que dominavam a cultura do entretenimento infantil da época. No intervalo do desenvolvimento do jogo, o mangá ainda focava a conflagração do Santuário, razão pela qual o último chefe, o homem por trás do ominoso alter ego do Grande Mestre, era um cavaleiro misterioso, uma contribuição dos leitores. Apesar dessas particularidades, o cartucho registrou vendas favoráveis, alavancando o lançamento de Saint Seiya Ōgon Densetsu: Kanketsu Hen no ano seguinte.
Além disso, foi lançado o primeiro anime mook do departamento editorial da Shūkan Shōnen Jump, a mesma antologia que publicava os quadrinhos. Até o advento desse guia ilustrado, as produções cinematográficas preparadas pelo departamento editorial da Roadshow, como Uchū Senkan Yamato, representavam o carro-chefe dos anime mooks da Shūeisha, e as aventuras de Dr. Slump & Arale-chan no cinema eram as únicas produções do semanário contempladas com essas publicações.
Nessa conjuntura, o lançamento do livro ilustrado do anime, que versava sobre uma obra televisiva e, ainda por cima, era editado pelo departamento da Shōnen Jump, não foi menos que um feito notável (para mais informações a respeito do encadernado, vide a página de introdução às publicações).
Praticamente em simultaneidade com os trabalhos no anime mook, teve início o processo de editoração da Compilação Especial da Shōnen Jump: Saint Seiya Cosmo Special. Consistindo em volumes suplementares das obras em publicação, até então, esse selo já havia produzido almanaques de Kinnikuman, Dr. Slump, Captain Tsubasa e Dragon Ball. Mesmo situado na esteira dessas edições especiais, o Cosmo Special veio ao mundo dotado de um estilo sem precedentes, munido de informações complementares em todas as fichas.
O primeiro filme também estreou em julho de 1987 e, graças à sinergia com os quadrinhos e com as peripécias na TV, fez um sucesso simplesmente paroxístico. Nessa altura, com a Saga das 12 Casas inacabada nos quadrinhos, a roteirização da série avançava praticamente no mesmo ritmo da revista semanal. O epílogo da Batalha das 12 Casas no mangá ocorre no volume 14 da antologia, publicado em 14 de março de 1988, ponto em que a defasagem cronológica do anime televisivo realmente não passava de 5 semanas.
Ainda que a operação de transposição tenha começado com o esqueleto do mangá (nas primícias do rascunho), trata-se de um cronograma surreal, no qual se pode vislumbrar o sólido sistema de produção da Tōei Animation daqueles tempos.
Tampouco se pode olvidar o esmero da opípara composição da série, que, entre outras proezas, deixou o embate de Ikki e Shaka ainda mais vívido ao inserir os episódios extras Ikki! A ave fênix sem asas e Laços de amizade! O grito de Atena no prelúdio do confronto na Casa de Virgem.
Consequência inicial do défice de quadrinhos, a assimetria na configuração da história foi reduzida ao menor nível possível na Saga das 12 Casas. Com o término da batalha do Santuário no mangá, irrompeu a Saga de Posseidon. Na série de TV, foi decretada a difusão de uma fase autóctone até que uma provisão de páginas da guerra contra o Imperador do Oceano fosse amealhada.
Em virtude dessa decisão, uma coalizão formada por Masayoshi Kawata, produtor da TV Asahi, Yoshifumi Hatano, produtor da Tōei Dōga (atual Tōei Animation), Kōzō Morishita, diretor da série, Takao Koyama, encarregado da composição, e pelos demais membros do estafe principal foi arregimentada numa longa conferência a fim de discutir os delineamentos deste novo estágio do seriado.